Este website utiliza cookies que facilitam a navegação, o registo e a recolha de dados estatísticos.
A informação armazenada nos cookies é utilizada exclusivamente pelo nosso website. Ao navegar com os cookies ativos consente a sua utilização.
O conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia, que se intensificou desde finais de fevereiro, colocou a União Europeia (UE) em estado de alerta: em matéria de energia, a Europa não pode estar dependente de um único fornecedor, muito menos se este for um país que “nos ameaça explicitamente”. As palavras são da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e foram ditas a 8 de março, na apresentação do REPowerEU, o plano oficial de Bruxelas para reduzir essa dependência.
“No seguimento da invasão da Ucrânia pela Rússia, as razões para uma transição rápida para as energias limpas nunca foram tão fortes nem tão claras”, lê-se no documento. Os números que ilustram a dependência energética europeia são também claros: “A UE importa 90 % do gás que consome, sendo a Rússia responsável pelo fornecimento de mais de 40 % do consumo de gás da UE. A Rússia representa igualmente 27 % das importações de petróleo e 46 % das importações de carvão da UE.”
Numa altura em que o Kremlin cortou já o abastecimento de gás natural à Polónia e Bulgária, por estes países se terem recusado a fazer o pagamento em rublos, reduzir estes números passou a ser a prioridade europeia. Se, no longo prazo, em 2050, a meta europeia se mantém a mesma, a neutralidade climática, no curto e médio prazo, os objetivos agora traçados ganham uma nova urgência: até 2030, há que tornar a Europa independente da importação de combustíveis fósseis russos e, até ao final deste ano, reduzir em dois terços a procura de gás russo.
Para esse efeito, a estratégia traçada consiste em acelerar a redução do uso de combustíveis fósseis e diversificar as fontes de fornecimento de gás. A aposta será na promoção do princípio “da prioridade à eficiência energética” nos vários setores, incluindo o dos edifícios, e no aumento do uso de fontes de energia renováveis (nomeadamente energia solar fotovoltaica, eólica e bombas de calor). Ao mesmo tempo, tentar-se-ão resolver os estrangulamentos nas infraestruturas, aumentando também importações a fornecedores não-russos, nomeadamente via gás natural liquefeito (LNG) e gasodutos, e apostando em maiores volumes de biometano e na produção e importação de hidrogénio renovável.
Ao aliar as medidas previstas no REPowerEU ao pacote legislativo Fit for 55, a UE estima “reduzir o consumo de gás na UE até 30 %, o que equivale a 100 mil milhões de m3, até 2030. Uma maior diversificação do gás e o crescimento dos gases renováveis, a antecipação das economias de energia e da eletrificação têm potencial para proporcionar, em conjunto, pelo menos o equivalente a 155 mil milhões de m3 correspondentes às importações de gás a partir da Rússia”, aponta o plano.
Desde a apresentação das linhas gerais da estratégia, a Comissão tem estado a trabalhar com os países da União e espera, “até ao verão, elaborar um plano REPowerEU em cooperação com Estados-Membros para apoiar a diversificação do aprovisionamento da energia, acelerar a transição para a energia de fontes renováveis e melhorar a eficiência energética. Trata-se de acelerar a eliminação das importações de gás russo e a dependência dos combustíveis fósseis e de garantir a melhor salvaguarda contra choques de preços a médio prazo, reorientando rapidamente a transição ecológica da UE, com uma atenção especial às necessidades transfronteiriças e regionais. A necessidade de uma maior segurança do aprovisionamento está a conferir um novo impulso aos objetivos do Pacto Ecológico Europeu.”
Mais informações aqui.